Arrendamentos em Portugal

Fotógrafo Toa Heftiba site Unsplash

Portugal é o segundo país do mundo com maior taxa de proprietários de imóveis. Entretanto, muitos profissionais no início da carreira vêm de outros países ou outras zonas de Portugal para viver em Lisboa ou Porto e muitos estudantes vão para estas cidades e também Coimbra, Braga, Aveiro. Os jovens desta geração têm mais propensão para mobilidade, portanto preferem arrendar ao invés de comprar e procuram o arrendamento tradicional ao invés do local.

Com o crescimento do turismo principalmente nos últimos anos, diversos proprietários investem em alojamento local, ainda que os gastos sejam maiores. A oferta para arrendamentos tradicionais é escassa principalmente em zonas mais centrais de Lisboa e Porto.

Além de não atender à realidade do mercado, as rendas cobradas em imóveis destas zonas são muito elevadas. Devido a isso, jovens com orçamento limitado encontram imóveis muito antigos e pequenos, sem mobília e muito distantes do centro, não necessariamente com boa acessibilidade de transportes públicos. Muitos estudantes e profissionais optam por dividir apartamentos com colegas ou arrendar apenas quartos, ou ainda conseguem encontrar preços mais acessíveis, porém sem a garantia de um contrato de arrendamento.

Minha experiência e outras histórias

Decidi contar minha história ao procurar casa para arrendar em Lisboa, bem como mencionar a de outros três colegas que são similares a de vários outros estudantes que vem morar em Portugal e encontram dificuldades para arrendar um espaço próprio. Vale ressaltar que estas histórias são de jovens que optam por viver muitos anos em Portugal, não apenas alguns meses como outros estudantes fazem quando recebem bolsas do programa Erasmus por exemplo.

Após viver em Coimbra por quase dois anos, decidi mudar para Lisboa para trabalhar, como muitos outros recém-formados optam. Comecei a procurar T0 e T1 para mim e meu namorado primeiro pela busca em sites mais conhecidos como Casa sapo, Imo-virtual e Idealista, e depois em um grupo do Facebook voltado para pessoas que procuram imóveis ou quartos para arrendar.

Fiquei cerca de dois meses a procura até encontrar minha casa. A maioria das casas que estavam dentro do nosso orçamento já não estava disponível quando ligava para a imobiliária do anúncio ou não conseguia sequer entrar em contato. Cheguei a marcar duas visitas que foram canceladas porque o imóvel foi arrendado a outrem. Finalmente, depois de mais de um mês a procura, consegui marcar visitas a três apartamentos na mesma semana. Um dos apartamentos era razoável, apesar de antigo, mas ficava muito distante do centro de Lisboa e com poucos autocarros próximos. O segundo era bem localizado, encaixava-se no orçamento e tinha quase todos os móveis em bom estado. Foi o que mais me interessou, contudo, o proprietário exigia fiador ou seis meses de renda adiantados.

Este foi outro problema que passei e acredito que diversos estudantes estrangeiros passam quando procuram casas aqui. Ter um fiador de confiança na condição de estudante já é complicado por não conhecer muitas pessoas próximas que já trabalham e têm um salário estável, por isso muitos elegem os pais ou parentes próximos como fiadores. Em relação a um estudante que vem de outro país é ainda mais difícil, uma vez que os proprietários querem como fiadores nacionais portugueses. No meu caso não foi diferente. Devido a este impasse optei pelo terceiro apartamento, cujo processo era menos burocrático e a renda mais acessível.

Em Coimbra não encontrei dificuldades, mas conheci vários estudantes que sim. Rogério Bivar, estudante de mestrado na Universidade, conta que se hospedou em um hostel por alguns dias enquanto procurava imóveis, e chegou a visitar duas imobiliárias. Ambas apresentaram apenas alguns imóveis, e todos com preços fora de seu orçamento, muito distantes do centro ou com qualidade inferior à esperada em relação ao preço. Rogério relatou que conseguiu finalmente encontrar um bom estúdio com preço razoável e próximo à Universidade por meio de um grupo do Facebook que oferece anúncios de imóveis e quartos para arrendar. Por meio do grupo, entrou em contato com o proprietário e após a visita conseguiu arrendar o estúdio sem maiores problemas.

Halisson Silva, estudante de doutoramento, conseguiu o contato de uma proprietária de imóveis em Coimbra com uma conhecida que era portuguesa e vivia em sua cidade no Brasil. Entretanto, percebeu que a localização não era boa em razão de ser um bairro turístico com muito movimento e barulho durante o dia, e muitas festas de estudantes próximas durante a noite. Além disso, queria um local mais permanente e com contrato de arrendamento, visto que este primeiro arrendamento foi realizado sem contrato. Halisson saiu a procura de novos imóveis caminhando pela cidade e encontrou alguns disponíveis, porém resolveu mudar-se para um estúdio mais próximo da Universidade e com bom preço com a indicação uma amiga que antes vivia no mesmo e lhe passou o contato da agência imobiliária.

Jana Chaves, estudante de mestrado em Lisboa, teve uma situação similar à de Halisson em relação à mudança. Uma conhecida no Brasil deu-lhe o contato da proprietária do imóvel onde conseguiu arrendar um quarto. Jana conta que gostaria de morar sozinha em um apartamento, entretanto os preços são muito elevados e diversos proprietários têm como requisito necessário a presença de fiador ou pagamento de vários meses de renda.

Conclusão

Acredito que a problemática de demanda superior à oferta de imóveis para arrendar é comum a diversas cidades de diferentes países onde o mercado de trabalho é mais favorável ou cidades universitárias. Contudo, é necessário um trabalho conjunto de imobiliárias, agentes e proprietários para garantir que boa parte desta demanda seja suprida e imóveis não fiquem vazios por muito tempo.

Como já foi relatado, muitos profissionais e estudantes optam por grupos em redes sociais como Facebook para encontrar quartos ou casas, ao invés de procurar uma imobiliária diretamente. Ainda que este nicho de mercado não seja prioritário para as imobiliárias, é um mercado que tem crescido em Portugal e, portanto, vale a pena investigar este mercado.

A ideia é entrar nestes grupos, conversar com os interessados em arrendar e também com proprietários que querem arrendar e anunciam seus imóveis nos mesmos. Afinal, um bom consultor conhece bem as zonas onde trabalha e saberá melhor qual o preço adequado para renda de imóveis em cada localidade, bem como informar as opções adequadas.

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